Minha crítica do show da Legião Reloaded

O Bonfá sempre foi e sempre será o escroto da banda (e olha que o Russo não era mau competidor, longe disso). O sobrinho-neto do Villa-Lobos sempre foi e sempre será bom músico. O Moura sempre foi e sempre será um ator massa, mas q de vez em qdo (de vez em sempre) se mete em furada.

Três guitarras (ou duas + um violão) = exagero.

Andy Gill, Catatau, Bi Ribeiro etc. e tal =~ mimimi.

(E, por que, pelo amor de Tupã, não chamaram pra cantar o cara do Catedral, o Jerry Adriani ou o André Gonzáles do Móveis? Por quê? Ah, e já que chamaram (leia-se, pagaram, e pagaram bem) para o Gilll, poderiam ter pagado para o cara do The National, não?)

Mas o mais legal era o palco mesmo: simplão, chão preto, atrás dos músicos tinha tipo um semi círculo de colunas que mudavam de cores (e, por serem vazadas, permitiam luz de trás delas chegar aos músicos; e dava para as câmeras filmarem girando em travelling). Além disso também tinha uma tela de led/sei-lá-o-quê no teto. Bem massa, dava um efeito legal filmando debaixo para cima na frente do palco. Ficou bonito de se ver no vídil. Ou mais bonito ainda de se ver pra quem conseguiu se esmagar na grade.

Fim

Ps. Há basicamente dois jeitos de se ganhar/fazer $: o jeito normal e o jeito porco. Jeito normal =~ trabalho, talento, bons produtos, divulgação certa, padrinhos, sorte etc. e tal; jeito porco =~ “maximizar lucros”. Tem gente imbecil que fica pregando aos quatro ventos que não basta apenas entregar um bom produto e ganhar $, há um outro jeito ‘revolucionário’: pode-se piorar o produto (e/ou a entrega/serviço) para se maximizar lucros. Tomá no cu, né? Não basta se contentar em ser bom, ser reconhecido e ser remunerado com isso? Pois o resto é pura ganância, é cagar no mijo. (Entenda-se: estou falando de chamar o Wagner Moura pra cantar, só porque ele é famosinho/carismático e iria chamar mais público. Porra é a LEGIÃO URBANA, banda fodástica dos anos 1980, iria ter público de qualquer jeito. Contudo, a culpa não é do Moura, é dos produtores, claro.)

Saudação joselóide, joselita, joseense

Para Vanessa Martínez (e também para Marcos Paulo Gonçalves Jr.)

No último final de semana teve eventos da Virada Cultural Paulista aqui no querido ‘feudo’, minha terra natal, típica cidade do interior de SP, mais um lugarejo médio, suburbano e satisfeito desta província das Bandeiras: São José dos Campos. Com muito orgulho.

E bandas que tocaram no filhote da Virada Cultural da Babilônia (SP-Capital) foram realmente muito boas. E de grátis. Às 22h do sábado, no Sesc local, teve Mombojó; à meia-noite, Móveis Coloniais de Acaju, no Parque da Cidade. Foram os dois únicos eventos que fui. Mas ainda teve Apanhador Só às 19h30 do sábado, e Casuarina e Domingos na tarde de domingo, estes também no Parque; Lulina/Lu Lins à meia-noite no Teatro Municipal (gostaria de saber como foi o público), e outros.

Entretanto, por um motivo deveras justificado e fraternal, quase todos meus amiguinhos caiçaras me abandonaram (ou será que eu os abandonei?): no mesmo dia comemorava-se o aniversário de um rapaz da turma, e foram-se eles a um bar beber vinho. Tanto pra mim, quanto pra eles, no final, vale aquilo que Cecília Meireles poetizou: “Ou isto ou aquilo”.

Mas o intuito deste escrito é saudar: e saúdo os caiçaras que foram se etilizar em celebração anual a um de nossos pares, mas também saúdo os únicos dois que me acompanharam: Vanessa e Marquito (este, infelizmente, somente durante o show dos recifenses).

Porém, não acabou (longe ainda): saúdo também a cidade de SJC, o poder público, sejE polícia, prefeitura, governo do estado etc. e tal, pois foram que eles organizaram o evento (ou participaram), e tentaram fazer o melhor que podiam.

Mesmo que dentro do Parque da Cidade de São José dos Campos, lugar bacana, bonito, grande, excelente palco para eventos e shows ao ar livre, inteligentemente aproveitado para a Virada, não possa vender cerveja. Isso mesmo: a prefeitura (quem administra o espaço) proibiu a venda de cerveja (tanto por ambulantes e/ou café/lanchonetes dentro do Parque). Sempre, em qualquer ocasião. E já imaginou ver um show de roque brasileiro dançante, como o do Móveis, num frio da porra, sem poder bebericar cerveja, vinho ou cachaça?

E mais: na entrada ficava tipo uma ‘parede’ de policias/guardas municipais escrotizando as pessoas que iam entrando, caminhando pacificamente, portando suas latinhas de cerveja (a maioria delas desavisadas, claro). Parecia revista de porta de estádio de futebol (até onde sei, o Brasil é o único país que se proíbe bebida em estádios). Sempre com a gentileza e cortesia característica dos agentes da lei.

(E é claro que Vanessa e eu, depois de xingarmos muito no Tuíter, fomos a um bar do lado de fora, compramos três latinhas, pusemos dentro da bolsa da moça e ‘traficamos’ nosso ‘líquido ilegal’ para dentro do Parque. Me senti praticamente em Chicago, nos bons tempos da Lei Seca.)

Por fim, minha maior saudação: aos ‘feios’, aos pretos, marrons, mestiços, pobres, deseducados, praticamente uns bárbaros, milhares de jovens inconsequentes, barulhentos e vândalos. E bêbados (pois todo mundo ‘tava no tráfico’, claro) e desordeiros. E saúdo as piriguetes, moças (e muitas meninas também) com roupas decotadíssimas e minissaias/shorts, moças e meninas que não sentem frio. Moças e meninas que eram literalmente caçadas, agarradas, apalpadas por rapazolas rudes, trajados com bonés e roupas de rapeiros. E igualmente saúdo esses rapazes.

Enfim, saúdo a todos esses, a grande maioria num show de grátis num espaço público numa cidade razoavelmente grande do interior que carece absurdamente de um mínimo de programação cultural. Saúdo o povo. Melhor, povo não, povão. Os que não estavam lá pelas “bandas realmente muito boas”, mas sim pela festa.

Esses são os que eu mais amo. Pois eu também me amo. Pois eu também sou do povo. Melhor, do povo não, do povão.

*

Oka., é possível que alguns dos meus oito leitores deste blogue digam que não sou ‘povão’, e sim ‘classe média’ (ou seria ‘classe mérdia’?). Não poderiam estar mais corretos. Sim, é verdade, sou classe média. Mas não sou só isso: eu também sou povo/povão. E, por acaso, não existem bárbaros e rudes e piriguetes na nossa classe média? E eu (nós), da classe média, não estaria (estaríamos) mais próximos do ‘povão’ do que do Eike Batista ou do Antônio Ermírio?

É aquela coisa que os norte-americanos andam dizendo bastante nos últimos tempos: “nós somos os 99%”.

(E a recíproca também é verdeira: ‘eles’, são, sim, povão. Mas também não são só isso. São mais, muito mais que isso. São gente. São (somos) os 99% das gentes que pisam neste planeta.)

E a trilha sonora mais suitable (’encaixável’?) possível:


(O link direto para o Vocêtubo: http://www.youtube.com/watch?v=-1UtM1Z68-Y )

E aqui o link para a versão de estúdio da música, mais límpida, em que dá pra apreciar toda a poesia do letrista (que, infelizmente, não sei quem é): http://grooveshark.com/s/Inclassific+veis/3PxM9T?src=5